Talvez você nem saiba o que é Seletividade Alimentar Infantil e que isso pode se transformar em um problema com o passar do tempo, mas com certeza você já reparou que as crianças estão ficando cada vez mais exigentes quanto a alimentos e que suas escolhas, obviamente, são de alimentos “saborosos”, mas com pouco valor nutricional.
Agora a questão que fica é como ajudá-los de maneira inteligente e sem tirania a escolher melhores alimentos?
Por isso hoje queremos falar mais sobre o tema e dar algumas dicas básicas para ajudar seu filho a desenvolver uma seletividade saudável em sua alimentação.
O QUE É SELETIVIDADE ALIMENTAR?
A Seletividade Alimentar é um termo técnico para um tema que tem se tornado muito corriqueiro nas rodas de mães e pais, e nas portas das escolas, e sempre gera muita preocupação e ansiedade para quem tem que lidar com este problema em casa. É crescente o número de mães que relatam que o filho cada vez mais tem ficado seletivo na escolha dos alimentos, principalmente quando destacamos a aceitação das frutas e verduras no dia-a-dia das crianças.
Dados de pesquisas norte-americanos mostram que entre 10 a 25% das crianças têm algum transtorno alimentar, e que em sua maioria aparecem em fase Pré-escolar, podendo em alguns casos se estenderam até a adolescência ou idade adulta. Estes índices são altos, quando paramos para analisar as consequências negativas que essa má alimentação pode causar, como o baixo peso e baixa estatura.
A Seletividade Alimentar se sustenta na tríade:
Pouco apetite
Recusa alimentar
Desinteresse pelo alimento
É muito comum nos depararmos hoje em dia com pais que lidam com esse problema, e que procuram o médico pediatra em primeiro lugar, seguido do nutricionista, mas não chegam até nossos consultórios por desconhecerem a importância do tratamento e de uma boa avaliação psicológica para estes casos.
DA INOCENTE SELETIVIDADE A UM COMPLEXO TRANSTORNO ALIMENTAR
Uma grande maioria das crianças é descrita pelos pais e responsáveis como seletivos, apesar de não apresentarem prejuízo ao estado nutricional, nos horários e práticas alimentares. Os alimentos mais rejeitados são verduras, legumes e frutas.
A Seletividade Alimentar enquanto transtorno, no entanto, é caracterizada quando há um número grande de alimentos que a criança não consome, ou pelo fato de nem tentar ingerir alimentos novos que são apresentados pelos pais.
Muitas vezes a forma com que os pais sentem e agem em relação a este problema pode diferenciar em relação a um bom prognóstico do tratamento psicológico. A sensação de frustração, culpa, raiva, estresse acabam surgindo pelo fato de perceberem que quem está no controle é a criança e não os pais.
Quem dita as regras do que comer e do que não comer não são os pais e sim a criança, gerando um enorme sentimento de impotência, muitas vezes levando os pais a pressionarem a criança para obter “respeito”. É fato que não devemos culpar os pais, pela Seletividade alimentar do seu filho, mas perceber todos estes aspectos é fundamental para tentarmos encontrar uma solução ou ao menos minimizar o problema impedindo que se transforme em algo sério com o passar do tempo.
É importante também perceber se na época que desencadeou o problema, ocorreu algum fato traumático na família como exemplo: a separação dos pais, perda de um deles, perda de um ente querido que participava da rotina, inserção de uma babá ou até mesmo troca de escola ou mudança de cidade. Muitas vezes também os fatores sensoriais podem ser investigados na entrevista com os pais e com as crianças verificando se a mesma tem um paladar mais aguçado, não gosta do cheiro ou aparência dos alimentos, da textura ou da cor. Existem pessoas que têm preferência por sabores salgados, doces ou amargos ou que a própria ingestão e digestão dos alimentos não lhe é agradável.
Portanto, o trabalho do psicólogo além de ter o caráter investigativo quanto as questões trazidas pela família, pode auxiliar também para uma melhor saúde na Infância, melhor qualidade de vida para as crianças e as famílias, redução de problemas de saúde mental nas Famílias (ambiente mais tranquilo e sem estresse emocional) e para a redução dos riscos de problemas alimentares de longo prazo (anorexia).
Leia também o artigo com orientações para pais com crianças com obesidade.
6 PONTOS PARA TRATAR
A SELETIVIDADE ALIMENTAR EM CRIANÇAS
Muitas vezes uma anamnese (entrevista avaliativa detalhada e técnica) é crucial para identificarmos os motivos pelos quais seu filho começou a ter verdadeira aversão ou desinteresse por determinados alimentos.
Baseada nos casos que já atendi e estudos feitos ao longo da minha formação falarei rapidamente sobre 6 pontos-chave na hora de investigar e entender a Seletividade Alimentar de uma criança para assim, podermos buscar soluções estratégicas para reeducar esse comportamento:
1
NA HORA DA MESA
Como se configura o ambiente emocional da família na hora das refeições? É tenso ou tranquilo?
A criança tem liberdade para pegar os alimentos com as mãos? O que acontece quando se sujam ou sujam o chão?
2
ESTRATÉGIAS DE CONVENCIMENTO
Quais as estratégias que vocês pais utilizam para modelar o comportamento alimentar da criança?
Os pais dão exemplo de modelo e consomem frutas e verduras?
Conseguem expressar através das feições do rosto que estão gostando de determinados alimentos, estimulando os filhos a provarem alimentos novos ou demonstram claramente que não gostam de determinado alimento ao oferecer para a criança.
3
TEMPO DE REFEIÇÃO
A criança tem que comer com pressa ou os horários são bem definidos e não há pressão na hora da alimentação?
4
CRIATIVIDADE CULINÁRIA
Existe variedade de alimentos, e os mesmos são sempre apresentados de várias formas e várias vezes?
Por exemplo se a criança não gostou de comer cenoura crua, pode ser experimentada na forma ralada, em rodelas, cozida, ou colorindo o arroz.
5
VAI COMER A TELEVISÃO, MENINO?
Já dizia a vovó!
Se seu filho come em frente à televisão saiba que a televisão exerce um papel duplo. De vilão e de mocinho.
Ao mesmo tempo que a criança pode comer maiores quantidades de comida, já que está entretida com algum programa, ela geralmente não presta atenção no que está comendo, no seu gosto real, sua textura e nem percebe o que está ingerindo, sendo esta uma experiência negativa.
6
COMIDA E CARÊNCIA
Você percebe que o seu filho utiliza da comida para chamar sua atenção?
No caso de pais que, às vezes, tem pouco tempo com os filhos, e os encontram mais nas horas das refeições.
O filho acaba enrolando na hora do almoço ou jantar, ou negando os alimentos em função de ver seus pais insistindo que ele coma e consequentemente tendo sua atenção naquele momento.
ONDE POSSO ENCONTRAR AJUDA
DE UM PROFISSIONAL DE PSICOLOGIA?
Cuidar e tratar a Seletividade Alimentar de crianças é prevenir problemas mais sérios no futuro. É se dedicar a ter uma criança saudável para construir um futuro adulto e idoso com mais saúde, desempenho e qualidade de vida.
Caso você esteja um pouco perdido, perdida ou perdidos, saiba que podem contar com a ajuda dos nossos psicólogos. Tanto deixando um comentário aí com sua dúvida que responderei com maior alegria, quanto agendando uma consulta de terapia online, via vídeoconferência.
Pensar que este trabalho tão complexo e tão importante também pode ser realizado na modalidade online é um grande avanço e um ganho enorme para os pais, que às vezes, não possuem muito tempo pra sair de casa mas que estão necessitando deste apoio e orientação para um transtorno que causa tanto estresse e desconforto no âmbito familiar.
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