Ninguém escolhe ser diagnosticado com uma doença grave, não é mesmo? Alguém pode estar levando uma vida normal, trabalhando, realizando seus passatempos, tendo momentos de lazer com família e amigos… e, de repente, surgir algum desconforto físico, náuseas ou dor.
Normalmente esses desconfortos não são investigados imediatamente, mas quando os sintomas permanecem aí sim começa a preocupação, então se chega a decisão de que é preciso procurar um médico. Após consulta e exames, vem o resultado, e se descobre que tem uma doença grave que precisa de cuidados.
E agora? O que fazer? Como se preparar mental e emocionalmente para enfrentar isso?
Em alguns casos a doença aparece em um incomodo repentino, que necessita de atendimento de urgência, e então surge o diagnóstico de uma patologia que desestrutura toda a dinâmica pessoal, interpessoal e laboral, com consequências mais agudas como no caso de infartos ou acidente vascular encefálico onde é imprescindível à ajuda mais ativa de membros familiares . Então vem a pergunta: E agora, como será a minha vida?
Me chamo Daniela Simões Peres, sou psicóloga clínica, fiz aprimoramento em Psicologia Hospitalar pela Casa de Saúde Santa Marcelina, hoje sou psicóloga hospitalar e acho esse tema de ter que aprender a lidar emocionalmente e psicologicamente com uma doença grave muito importante. Sinto uma emoção forte em poder ajudar pessoas a se organizarem e poderem ter mais equilíbrio, inteligência emocional e se estabilizar para ter o tratamento mais assertivo possível.
ENTENDA MELHOR OS TIPOS DE DIAGNÓSTICO
É interessante entender antes de mais nada que tipo de diagnóstico você tem. Não apenas no nome, mas suas características. Se é algo crônico, ou seja, de logo prazo ou uma patologia com um ciclo menor, entre outros fatores. Para assim poder ter uma ideia mais clara e se planejar.
DOENÇAS CRÔNICAS OU AGUDAS
As doenças crônicas são definidas como aquelas que persistem por períodos superiores a seis meses, não oferecem risco iminente de morte, mas merecem atenção e cuidados diários para que não ocorra piora, que consequentemente podem deixar o quadro clínico do paciente mais delicado, como por exemplo hipertensão, doenças autoimunes e diabetes.
As doenças agudas aparecem de forma súbita, com causa definida, evolução característica, com fim definido, em geral de curta duração, podendo ter uma tendência espontânea para cura total, a menos que, por sua gravidade, provoque a morte do paciente. São exemplos, a dengue, resfriados, fraturas.
DIAGNÓSTICO PROGRESSIVO E REINCIDENTE
As doenças progressivas são consideradas mais sintomáticas e evoluem com o passar do tempo, sendo necessário acompanhamento frequente com equipes multidisciplinares. A evolução faz a sensação de incapacidade aumentar, o que causa um grande sofrimento emocional tanto para o doente como para os familiares, já que toda a dinâmica familiar se vê modificada, havendo muitas vezes a inversão de papéis familiares. Doenças consideradas progressivas, são por exemplo, esclerose lateral amiotrófica (ELA), esclerose múltipla, Alzheimer, entre outras.
As reincidentes não tem acometimentos tão desestruturantes para a família a longo prazo, já que se alterna em períodos de remissão parcial ou total dos sintomas, com a exacerbação em alguns momentos, necessitam de cuidado e atenção e manutenção de acompanhamento especializado. O estado de alerta é constante para todos o que pode desenvolver sinais ansiosos, devido ao receio de uma nova crise. São exemplos, a asma ou lupus.
TENHO UM DIAGNÓSTICO SÉRIO
E AGORA???
Nesse momento, que rompe com os padrões de estabilidade emocional, surgem muitos sentimentos e pensamentos negativos que podem gerar isolamento, ansiedade, tristeza, preocupação, medo, raiva, incompreensão, entre outros. Após este momento, você tem duas opções: Fingir que nada está acontecendo (fuga) ou enfrentar e seguir com acompanhamentos e exames complementares. Em qualquer uma das decisões o apoio de familiares e amigos é de suma importância.
O medo surge por não conhecer como será o caminho, se terá cura, se sentirá dor. A maior preocupação é o tempo, a vontade de ter o controle total da sua vida, o receio de ficar dependente, de deixar de ser produtivo.
Nesse momento, é importante organizar os pensamentos. Se necessário pegue um papel e escreva todas as orientações recebidas da equipe de saúde, todas elas são importantes e vão te ajudar a obter melhoras.
A raiva do porque não se cuidou, ou até mesmo a pergunta: Porque comigo?!. Ninguém escolhe ficar doente, não é mesmo? Mas nosso corpo as vezes precisa de manutenção, como diversos aparelhos ou equipamentos que temos em casa, nosso corpo é uma máquina, e é nossa responsabilidade a partir do momento que descobrimos uma falha, procurar o defeito e realizar a manutenção, para que ele volte ao seu funcionamento normal, ou o mais próximo disso.
Baseada em meus conhecimentos como psicóloga e em atendimentos que realizei durante minha carreira clínica, irei passar algumas dicas psicológicas para você que foi diagnosticado ou que tem alguém próximo que tenha sido.
5 ORIENTAÇÕES
DE UMA PSICÓLOGA HOSPITALAR
PARA LIDAR DE MANEIRA ASSERTIVA
COM UM DIAGNÓSTICO GRAVE
1
MANTENHA A CALMA E SIGA O PROTOCOLO
De repente, você se depara com uma infinidade de guias e encaminhamentos médicos, várias dúvidas, medos, angústias… o melhor a fazer é buscar informações com seu médico, ele será a pessoa que poderá explicar sobre o tratamento, eventuais intercorrências ou evolução da doença.
Marque as consultas necessárias, faça exames e inicie o tratamento. Mas é válido duvidar, consultar outros médicos, refazer exames, mas sempre com muito cuidado e se lembrando que para superar uma doença grave é preciso começar o tratamento o quanto antes.
E se puder ter um acompanhamento psicológico tenha, pois organização e treinamento mental é tudo.
2
TENHA SUA REDE DE APOIO
Sua família e amigos são seu maior apoio nesse momento. Pense em todos os momentos de alegria que passou na sua vida… Sempre teve com quem dividir, não é mesmo?!
Portanto, em um momento difícil como o do enfrentamento de uma doença grave eles também vão exercer papel importante para ajudar a superar adversidades, tudo fica mais fácil quando temos alguém para compartilhar, ainda mais quando são pessoas importantes na nossa vida. E tenho certeza que o vínculo e carinho entre vocês só irão aumentar.
3
SIGA AS ORIENTAÇÕES MÉDICAS
O começo de qualquer tratamento é difícil, não se boicote, não finja que nada está acontecendo, sua saúde é o primordial para manter tudo o que você tem, nada é mais importante, concorda? Sua família, seus amigos torcem por você, não podemos desapontá-los.
4
REPENSE SUA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL
Se estiver muito difícil lidar com os sentimentos e emoções, assim como pensamentos que ruminam e te despertam sensações desagradáveis, procure auxilio de um psicólogo, que te ajudará a reorganizar esse turbilhão de sensações novas.
Não se esqueça, de que mais de que qualquer orientação, mesmo que elas sejam de extrema importância, você é o principal condutor da sua vida, sua força de vontade, sua motivação em obter melhoras e restabelecer a rotina perdida depende de você!
5
APRENDA MAIS SOBRE CONTROLE DE ANSIEDADE
A ansiedade é comum, uma vez que o desejo é dormir e acordar sem nenhum desconforto, assim como o entristecimento e choro, que é uma forma de ajustamento a todas essas mudanças ocorridas. Se não trouxerem outros tipos de limitações, são normais ao momento, não se preocupe.
Mas saiba que existem técnicas de relaxamento, controle respiratório e cognitivo para ajudar a controlar os sintomas da ansiedade.
DÊ UM PASSO DE CADA VEZ
Todas as pessoas que se deparam com uma doença grave, vão ter emoções e pensamentos parecidos, ter medo no começo, se questionar sobre a rotina que vem levando, se culpar por não ter dado atenção a sua saúde é como se sua vida passasse toda na sua frente nos momentos seguintes.
Depois de passado o choque inicial, as emoções vão mudando, ás vezes pode se sentir estressado pela nova rotina: Médicos, exames, etc. Ás vezes os resultados não aparecem conforme gostaria, afinal, a doença surge muitas vezes de uma hora para outra, mas o restabelecimento da saúde, normalmente demora, e lidar com esse tempo pode ser desmotivador.
Quando a doença acomete permanentemente uma pessoa, o familiar se torna o responsável pelos cuidados, o que pode gerar sobrecarga e estresse diante da dependência do ente, que necessita de assistência integralmente, a insegurança de estar fazendo tudo conforme orientado. Não se pode esquecer que os familiares também merece cuidados diante da responsabilidade que é cuidar de alguém.
Independente da fase que esteja enfrentando, pode contar comigo para auxiliá-lo a organizar o que se encontra desorganizado. Se achar que a orientação de um psicólogo pode te ajudar a se fortalecer consulte minha agenda para atendimentos online aqui. Agende uma sessão de terapia online e seja atendido de onde você está.
Volto em breve com mais reflexões e orientações sobre o tema de Psicologia Hospitalar, enfrentamento de diagnósticos e temas similares 🙂
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